Considerada uma COP “intermediária”, a COP27 cumpriu o que era esperado globalmente e o Brasil volta a ter relevância nas discussões. O evento contou com a participação de reuniu representantes oficiais de governos, da sociedade civil e o setor empresarial para discutir maneiras para enfrentar e se adaptar às mudanças do clima.
Dezembro, 2022 – A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima é a maior e mais importante conferência anual relacionada ao clima do planeta. A COP27, que ocorreu de 6 de novembro a 18 de novembro de 2022 em Sharm El Sheikh no Egito, reuniu representantes oficiais de governos, da sociedade civil e o setor empresarial para discutir maneiras para enfrentar e se adaptar às mudanças do clima.
Durante o encontro global, Sanda Ojiambo, secretária-geral adjunta e CEO do UN Global Compact, enfatizou a importância da ação do setor privado para enfrentar a crise climática: “Temos menos de 10 anos para mudar o mundo para uma trajetória de 1,5°C, reduzir as desigualdades globais e alcançar o conteúdo da Agenda ODS. Nosso clima em mudança significa, mais do que nunca, que estamos ficando sem tempo. Realmente é agora ou nunca para o setor privado transformar seus compromissos ousados em soluções tangíveis para proteger nosso planeta e nosso futuro coletivo. O Pacto Global da ONU espera continuar nosso trabalho com empresas de todo o mundo para acelerar nossa transição para o net-zero”.
Considerada uma COP “intermediária”, a COP27 cumpriu o que era esperado globalmente e o Brasil volta a ter relevância nas discussões. Veja alguns dos principais resultados da COP27:
Fundo de perdas e danos: Desde a COP26 o tema de Justiça Climática tem provocado os debates sobre a agenda climática, e na COP27, no Egito, não foi diferente. Historicamente os países mais pobres foram os que menos contribuíram para o aquecimento global, no entanto, são os mais vulneráveis às mudanças do clima, ou seja, são os mais suscetíveis aos impactos e desastres ocasionados pelas mudanças climáticas.
Em resposta aos países mais vulneráveis, que tem demandado de países mais ricos por ações de responsabilidade, na COP27 criou-se um fundo sobre Perdas e Danos, que tem como propósito auxiliar as nações no enfrentamento de eventos climáticos extremos. Espera-se que até a COP28, seja apresentado mais detalhes dos mecanismos desse fundo, quem efetivamente participa e quanto de recurso financeiro será destinado para os países. O fundo de Perdas e Danos, foi um dos pontos mais alto da COP27, principalmente quando se teve a visualização que a promessa do fundo verde de US$ 100 bilhões anuais para os países em desenvolvimento não avançou como o esperando.
Acordo de metano: Na COP26 em Glasgow, o Brasil assinou com mais 150 países o Compromisso Global de Metano, que tem como propósito reduzir em 30% a emissão do gás no mundo até 2030. E na COP27, no Egito, o ministro brasileiro se comprometeu em reforçar a criação de um mercado de crédito de metano nessa perspectiva internacional. Vale destacar que o metano é um dos principais contribuintes para o efeito estufa, depois do dióxido de carbono, e que o Brasil trata somente 1,5% de seus resíduos orgânicos, e esta seria uma ótima oportunidade do Brasil liderar esta agenda.
Ambição 1,5°C: Na COP21, foi anunciado o acordo de Paris com o compromisso de manter o aquecimento global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e fazer esforços para limitar esse aumento a 1,5°C. Na COP27, não houve retrocessos nessa definição, o comunicado do G20 reafirmou o compromisso de 1,5°C do Acordo de Paris, o que já foi um ganho, no entanto, a linguagem enfraqueceu a urgência do tema. Na conclusão da COP27, António Guterres declarou que “o mundo ainda precisa de um salto gigante na ambição climática. A linha vermelha que não devemos cruzar é a linha que leva nosso planeta acima do limite de temperatura de 1,5°C. Para ter alguma esperança de manter 1,5°C, precisamos investir maciçamente em renováveis e acabar com nosso vício em combustíveis fósseis”.
Finanças, Justiça Climática e a iniciativa Science Based Targets (SBTi) também foram grandes destaques na conferência, por isso, desmembramos estes 3 temas nos artigos seguintes.
Confira outros resultados da COP27 nos vídeos abaixo com o Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil e nas páginas dos nossos parceiros TNC, WWF e Exame.