Iniciativa inédita de engajamento empresarial busca impulsionar a inclusão de pessoas refugiadas no mercado formal de trabalho no Brasil e já conta com 21 empresas e organizações.
Junho de 2021 – A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Rede Brasil do Pacto Global lançaram nesta quarta-feira, dia 23 de junho, o Fórum Empresas com Refugiados, que é formado por empresas e outros tipos de organizações empresariais interessadas em apoiar a inclusão de pessoas refugiadas no mercado de trabalho. A iniciativa busca promover a troca de experiências entre empresas, ações de capacitação para a contratação de pessoas refugiadas, empregabilidade e compartilhamento de boas práticas na inclusão dessas pessoas refugiadas nos ambientes de trabalho assim como outros tipos de experiências que apoiam esta população.
O Fórum Empresas com Refugiados tem como parceiros estratégicos a IFC, Tent Partnership for Refugees, Foxtime e EY e é apoiado por Lojas Renner, Unidas, MRV, Facebook, Iguatemi Empresa de Shopping Centers e Sodexo On-site. Já na sua estreia, a iniciativa conta também com o engajamento de 21 empresas e organizações empresariais que contribuem, por meio de políticas de sustentabilidade e diversidade, com o recrutamento, mentoria, contratação e capacitação profissional de pessoas refugiadas no mercado brasileiro.
A partir do lançamento da iniciativa, cujo evento pode ser acessado na íntegra aqui, as empresas e organizações irão seguir um calendário de atividades para dar continuidade à troca de ideias, práticas e treinamentos em prol da integração socioeconômica de pessoas refugiadas.
“Pessoas refugiadas são gente como a gente. Hoje as empresas sabem que é perfeitamente legal contratar pessoas refugiadas, que trazem consigo enormes contribuições. Existem muitos exemplos de casos de sucesso de como refugiados podem contribuir para melhorar o ambiente de trabalho, aumentando diversidade e produtividade das equipes, além de terem uma grande taxa de fidelidade às empresas, diminuindo a rotatividade de contratação.”, afirmou Jose Egas, representante do ACNUR, durante a abertura do Fórum.
O Fórum aprofunda o engajamento empresarial iniciado Plataforma Empresas com Refugiados, iniciativa do ACNUR em parceria com o Pacto Global, na qual as empresas abrem as portas para pessoas refugiadas apresentam suas boas práticas incluindo crescimento, inovação e diversidade no ambiente de trabalho.
“Estamos em outra fase de engajamento das empresas com relação às pessoas refugiadas. Essa mudança de mentalidade sobre o tema tem sido importante, não somente para os projetos, mas para todas a iniciativas de sustentabilidade. Começamos o Fórum Empresas com Refugiados com um engajamento muito maior do que imaginávamos, com mais de 20 empresas inscritas, o que demonstra que as empresas têm um compromisso com o tema dos direitos humanos, especificamente com os refugiados, também dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, afirmou Marcelo Linguitte, Diretor de Operações, Parcerias Estratégicas e Mobilização de Recursos da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.
Incluir pessoas refugiadas é uma forma de contribuir para a diversidade das empresas, o que aumentam os atributos da competitividade e do bem-estar social. E faz diferença no resultado, já que companhias com diversidade tem 33% mais chance de se tornarem mais lucrativas do que seus concorrentes menos diversos.
“Existe uma preocupação legítima de apoiar as pessoas refugiadas nesse ambiente. E, também por isso, encorajamos a contratação dessas pessoas, mas vai além. Também é importante a sensibilização interna da empresa para uma melhor adaptação de todos. No mundo, a Sodexo já contratou mais de 1800 refugiados com apoio da fundação TENT. Ter um quadro de funcionários diverso nos ajuda a ter um melhor entendimento do que é valor para o cliente”, explicou Ana Menegotto, Diretora de Recursos Humanos da Sodexo.
“Temos uma parceria de muito tempo com o ACNUR, Pacto Global e ONU Mulheres. Em um primeiro momento atuamos na capacitação dessas pessoas refugiadas, nesse caso com mulheres no Empoderando Refugiadas. Mas sempre entendemos o quanto era importante engajar essas pessoas em todas as nossas áreas. No Grupo Lojas Renner já trabalhamos com um total 300 refugiadas que foram capacitadas e já interiorizamos pessoas em 15 cidades do Brasil. O protagonismo feminino na Renner é uma verdade e sempre queremos ampliar essa representatividade. Uma cultura diferente, uma vivência diferente, fazem diferença nos nossos quadros e atuação. E esperamos com esse Fórum trazer mais empresas e maior transformação para as pessoas em situação de refúgio”, disse Eduardo Ferlauto, Gerente Geral de Sustentabilidade Lojas Renner S.A. e Diretor Executivo Instituto Lojas Renner.
No lançamento do Fórum, Thái Nghiã, fundador da Goóc, contou um pouco da sua experiência. Ele veio do Vietnã com 21 anos, sozinho, sem falar português. Morou em um albergue no Centro de São Paulo e depois de conseguir um emprego, ingressou na USP, onde estudou matemática. Depois, abriu o seu próprio negócio.
“Eu cheguei aqui sozinho, no começo sofri muito, mas depois fui aprendendo o idioma e me integrando no Brasil. O que aprendi aqui é que quando um refugiado sai de sua terra, a situação é muito terrível. Ele busca uma liberdade, uma chance de vida. Quando chegam em uma terra nova, é uma chance de reconstruir sua vida. Mas o refugiado não tem nada, não tem mais a rede de apoio que tinha antes. Por isso ele tem mais garra, foi parte de sua vida ter que sobreviver. Essa diversidade cria esse lugar de maior criatividade. Receber um refugiado é receber um novo olhar na empresa. Essa é uma contribuição muito grande. E o mundo está tendo que se adaptar à nova realidade globalizada em que as pessoas circulam. No dia a dia, ao conviver com pessoas refugiadas você percebe que a pessoa tem uma força de dar mais pela oportunidade que lhe foi dada. Essa animação contagia outros funcionários também, inspira e melhora o ambiente de trabalho”, contou Thái Nghiã.
IntegraçãoO Brasil tem sido o destino de refugiados de diferentes nacionalidades buscando proteção devido a guerras e perseguições em seus países. De acordo com o relatório Tendências Globais do ACNUR, 82,4 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar – mesmo em um cenário de pandemia e com fronteiras fechadas. O fluxo de venezuelanos continua a ser uma das maiores crises de deslocamento globais, e o Brasil já acolheu perto de 300 mil pessoas venezuelanas que têm buscado permanecer no país e se integrar social e economicamente. Destas, 48 mil já foram reconhecidos como refugiados, mas muitos enfrentam dificuldade para acessarem o mercado formal de trabalho.
Estudo recente do ACNUR e Banco Mundial indica que pessoas venezuelanas no Brasil tem apenas 1/3 menos chances de conseguir um emprego formal, mesmo sendo qualificadas. De acordo com o Perfil Socioeconômico de Refugiados no Brasil, 34% refugiados no Brasil têm ensino superior.
O lançamento do Fórum Empresas com Refugiados contou com as participações de Jose Egas, Representante da Agência da ONU para Refugiado; Marcelo Linguitte, Diretor de Operações, Parcerias Estratégicas e Mobilização de Recursos da Rede Brasil do Pacto Global; Thái Nghiã, Fundador da Goóc; Veronia Rossini, Diretora de Marketing e Comunicação da Tent for Partership for Refugees; Ana Menegotto, Diretora de Recursos Humanos da Sodexo; Diogo Bardal, Oficial de Operações Associado da Corporação Financeira Internacional (IFC); Eduardo Ferlauto, Gerente Geral de Sustentabilidade Lojas Renner S.A. e Diretor Executivo Instituto Lojas Renner; e Gabriela Camargo, Gerente de Recrutamento da Unidas.
Empresas que aderiram ao Fórum Empresas com Refugiados demonstram seu apoio durante evento de lançamento. Acesse o vídeo aqui.