Tradicional evento sobre desafios hídricos aconteceu de forma remota em 2020
Tradicional evento sobre desafios hídricos aconteceu de forma remota em 2020
Setembro de 2020 – A WWWeek at Home proporcionou momentos de aprendizagem colaborativa global, com troca de pontos de vista, experiências e práticas entre a comunidade científica, empresarial, política e a sociedade civil. A Rede Brasil do Pacto Global, por meio da Plataforma de Ação pela Água, e em conjunto com o 2030 Water Resources Group, a SANASA e o The CEO Water Mandate, organizaram os webinars “Building resilience at all levels – from local to national”, “Nature-based solutions to address water scarcity due to climate change” e “Multi-stakeholder cooperation to leverage the SDG6 in the Business Agenda”, que discutiram o cenário brasileiro e global da água, trazendo desafios hídricos e exemplos práticos de como podemos enfrentar a escassez hídrica, promovendo impacto positivo e resultados em grande escala.
O Brasil possui grandes desafios relacionados ao acesso à água e ao saneamento. Com a intensificação das mudanças do clima, diversos problemas relacionados à escassez hídrica se agravaram e tornaram-se emergentes, e, no atual cenário de pandemia, as desigualdades sociais ficaram evidentes, trazendo à tona a necessidade de repensarmos as estratégias já adotadas para enfrentamento dessas desigualdades. A intensificação das crises reforça a percepção de que a sustentabilidade, a mitigação dos efeitos das mudanças do clima e a segurança hídrica dependem da construção de ações coletivas.
Nos webinars, destacou-se a necessidade do envolvimento de diversos stakeholders em múltiplos níveis, articulando os interesses em um sentido de convergência dos setores público e privado e da sociedade civil, tendo em vista a corresponsabilidade de todas as partes interessadas (stakeholders). Para isto, promover oportunidades e espaços de diálogo construtivo, onde todas as partes interessadas possam se reunir para discutir ações e soluções para os desafios hídricos, são ações fundamentais. Criar um modelo mais coletivo, conectando atores, como ONGs, governos e organizações locais com o setor empresarial, faz com que projetos sustentáveis voltados ao acesso à água e ao saneamento ganhem escala, tragam mais investidores e alcancem um maior engajamento das partes interessadas, a fim de unir esforços e colaborar com o avanço da solução destes desafios.
Dessa forma, o setor empresarial é chamado para contribuir na resolução dos desafios da sociedade, indo para além do antigo modo de se fazer negócios (“business as usual”) e da postura dicotômica entre mercado e estado, buscando novas maneiras de agir para transformar realidades e gerando novas oportunidades para seu próprio negócio por meio da pesquisa e desenvolvimento de inovações e tecnologias. Foram apresentados nos webinars diversos cases de sucesso que enfatizam esse compartilhamento de responsabilidades, entre eles, a iniciativa do 2030 Water Resources Group, que articula os segmentos público e privado e a sociedade civil para resolver problemas no sentido de promover a segurança hídrica, identificar soluções, facilitar investimentos e trazer experiências internacionais.
Foi discutido também como as Soluções Baseadas na Natureza (SBN) podem fortalecer políticas e ações que visem lidar com a escassez de água. O manejo de ecossistemas, por meio da adoção de infraestruturas naturais/verdes, pode ser uma alternativa complementar às iniciativas de infraestruturas construídas e convencionais (infraestruturas cinzas) para tratamento de água e abastecimento. Mas, para isso, é preciso compreender que investir em infraestrutura natural é poupar custos futuros. Além disso, é necessário ter uma nova visão de gestão do território, agindo de forma integrada com outros municípios, pois a restauração como medida para melhorar a gestão hídrica de um município muitas vezes passa por intervenções territoriais.
Para que seja possível avançar na segurança hídrica local, regional e nacional, uma série de fatores precisam ser endereçados, entre eles destacam-se a seguir as responsabilidades em diferentes níveis de gestão dos diversos atores envolvidos na governança dos recursos hídricos:
Os municípios precisam assumir as suas funções em relação à governança dos recursos hídricos;
Os múltiplos usuários de água precisam agir com mais responsabilidade e eficiência para não causar danos à disponibilidade de água, tanto em relação à quantidade quanto à qualidade da água, nas bacias hidrográficas onde estão inseridos;
Os Comitês de Bacias precisam investir em um planejamento mais robusto dos recursos hídricos e aplicar a cobrança pelo uso da água de forma mais articulada e com transparência a fim de construir a confiança da sociedade em relação à sua atuação.
Sendo assim, avançar no alcance do ODS 6 significa agir, e rápido, com um olhar amplo em direção à sustentabilidade, voltado não só para a universalização do acesso à água e ao saneamento, mas também para a redução de desigualdades sociais e de gênero, redução de doenças de veiculação hídrica e outros desafios da sociedade que estão relacionados ao tema da água e saneamento. Há muitos caminhos que precisam ser explorados para alcançar o ODS 6 e garantir o acesso à água e ao saneamento para todos e todas até 2030. Sobretudo, temos a certeza de que a jornada será composta por um mosaico de soluções, com o engajamento de diversos atores da sociedade, para elevar o protagonismo da Água em seu papel central no atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) rumo à 2030.
Sobre a World Water Week
A World Water Week é um evento com foco na transformação dos desafios globais da água. Acontece anualmente em Estocolmo, na Suécia, local que tem sido o ponto focal para questões globais de água desde 1991. Devido à disseminação global da COVID-19 e às medidas tomadas pelas autoridades nacionais e locais para conter a disseminação da doença, a WWWeek foi realizada este ano de forma online, por meio de webinars, entre os dias 24 e 28 de agosto de 2020.