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Declaração de Sanda Ojiambo, CEO e Diretora-executiva do Pacto Global, sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas

Leia o posicionamento de Ojiambo e uma chamada à ação das empresas contra o racismo

NAÇÕES UNIDAS, Nova York, 25 de novembro de 2020 – A morte de João Alberto Silveira Freitas após um ataque bárbaro nas mãos de seguranças do Carrefour em Porto Alegre, no Brasil, é mais um alerta para empresas do setor privado em todos os lugares que lutam contra o racismo e a desigualdade.
O fato de João, um homem negro, ter morrido na véspera do Dia da Consciência Negra no Brasil, torna ainda mais pungente um lembrete de que o racismo continua a ser um desafio constante para o nosso progresso na construção de sociedades mais justas e alcançar a visão da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, na qual ninguém fica para trás.
Como o Carrefour é signatário do Pacto Global da ONU, entramos em contato com a empresa, solicitando mais informações. Esperamos que todas as organizações participantes defendam nossos Dez Princípios e implementem os Princípios Orientadores para Empresas e Direitos Humanos. Estamos monitorando de perto a situação e aguardaremos o resultado da investigação oficial.
Embasados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, nossos princípios exigem que as empresas apoiem e respeitem a proteção dos direitos humanos proclamados internacionalmente e garantam a não cumplicidade com abusos.
Hoje, gostaria de enfatizar o compromisso de trabalhar incansavelmente com empresas em todos os lugares para defender os Dez Princípios e a responsabilidade corporativa de respeitar e apoiar os direitos humanos.
No Brasil, como em qualquer outro país, a diversidade é um ponto forte, não um ponto fraco. Para realizar uma mudança real, toda a sociedade – incluindo setor privado, governos, sociedade civil, academia, autoridades locais e outros atores – deve trabalhar em conjunto para reduzir as desigualdades, fortalecer os sistemas de proteção social, eliminar todas as formas de discriminação e oferecer oportunidades iguais.
Desde junho, quando o assassinato de George Floyd, em Minneapolis, nos Estados Unidos, gerou indignação global, tenho sido encorajada a ver a liderança da comunidade empresarial em reconhecer e combater o racismo sistêmico.
Ao trabalharmos juntos e juntas, podemos nos unir em busca de um mundo melhor, livre de discriminação, ódio e violência.
Meus colegas do Pacto Global da ONU e eu rogamos aos líderes empresariais de todos os países a usar sua voz e influência para erradicar o racismo sistêmico e se solidarizar com aqueles que enfrentam a injustiça.
As empresas podem tomar ações antirracistas específicas para rejeitar injustiças e apoiar grupos marginalizados:

Fale e aja: use a sua voz na defesa da eliminação da discriminação e das desigualdades e respeite e apoie os direitos humanos. Garanta que as declarações de sua empresa sejam acompanhadas de políticas, investimentos e ações mais fortes que combatam sistematicamente o racismo e as desigualdades.
Eduque e mostre liderança desde o topo: os CEOs e aqueles em posições de liderança em sua empresa devem se educar, usando os recursos antirracistas disponíveis, e encorajar os funcionários em todas as suas operações – desde o alto escalão – a fazer o mesmo. Forneça treinamentos antirracistas sobre justiça racial, desigualdade e discriminação.
Invista em negros e outros grupos discriminados pela cor: comprometa-se a preencher a lacuna de oportunidades por meio de educação, estágios e emprego. Doe para organizações antirracistas que trabalham para combater o racismo institucional por meio de engajamento, defesa e treinamento.