Treinamento faz parte da séria de ações do projeto que visa o empoderamento financeiro de mulheres refugiadas no Brasil.
Treinamento faz parte da séria de ações do projeto que visa o empoderamento financeiro de mulheres refugiadas no Brasil. Foto: Fellipe Abreu
Por Mateus Ferreira
Na busca por espaço no mercado de trabalho brasileiro, muitas refugiadas optam pelos caminhos do empreendedorismo. Porém, abrir seu próprio negócio requer disciplina em diversos setores, entre eles, o financeiro. A relevância do tema no cenário atual dos negócios motivou a realização do workshop “Educação Financeira e Empreendedorismo”, na quarta-feira (19), para as participantes do Empoderando Refugiadas, projeto do ACNUR, ONU Mulheres e Rede Brasil do Pacto Global.
Durante o encontro, as mulheres foram motivadas a refletir se suas ações financeiras estavam em harmonia com seus objetivos e pessoais. Esta avaliação, de acordo com Andyara de Santis, especialista em educação financeira, é o primeiro passo para começar a planejar seu negócio. “Muito da educação financeira passa por nosso comportamento, por nossa atitude e autoconhecimento. Muitas de nós conhecemos as ferramentas, mas não necessariamente significa que estamos livres de cometer algum deslize financeiro”, afirmou Andyara.
Muitas mulheres refugiadas já trazem seus sonhos e objetivos da terra natal e, no Brasil, tem a oportunidade de colocar em prática. Como Amélia, angolana que sonha em ser modelista e já deu início em um curso de técnica de costura. “Quero um dia ter meu próprio negócio, mas sem dinheiro não tem como. Sempre que vou gastar me lembro que tenho um sonho e que para alcançá-lo, preciso poupar.”
Buscar o sucesso profissional como autônoma não é exclusividade das atuais participantes do Empoderando Refugiadas. Prudence, congolesa que participou da primeira edição do projeto, também carregava consigo este sonho. “Meu sonho sempre foi fazer trabalho social, e agora posso realizar”, disse.
Ainda sobre o tema educação financeira, o encontro contou com a participação de Caco Santos, representante do projeto PLANEJAR. Segundo o especialista financeiro “para um sonho se tornar concreto, o próximo passo é ter um plano, quanto mais consciente for suas decisões sobre dinheiro, mas tranquila será sua vida financeira.”
Autoestima para empreender
Além de disciplina e planejamento, é preciso coragem para as mulheres que buscam empreender, recém-chegadas a um novo país. Para despertar a autoestima das participantes do projeto, o encontro contou com a motivação de Eduardo Lyra, jovem empreendedor social brasileiro que, vindo de origem humilde em uma favela de Guarulhos, foi nomeado pelo Fórum Econômico Mundial como um dos 15 jovens brasileiros que podem mudar o mundo. Ele também é fundador da Organização Não-Governamental (Ong) Gerando Falcões, que foca em políticas de esporte e cultura para crianças e adolescentes e qualificação profissional para jovens e adultos.
Eduardo Lyra conta sua história de origem humilde até sua conquista como empreendedor. Foto: Fellipe Abreu
Segundo Lyra, acreditar que era possível transformar seus sonhos em realidade foi essencial para alcançar sucesso como empreendedor. “Para alcançar os objetivos é preciso primeiro mudar a maneira de pensar. Ser dona do próprio destino”.
Ampliar os laços e formar parcerias também foi outro ponto destacado pelos especialistas como essencial para empreender. “Formem uma rede de apoio. É muito importante que vocês formem uma rede entre si. Aproveitem o talento de cada uma. Aproveitem as habilidades individuais”, sugeriu Andyara de Santis.
O projeto Empoderando Refugiadas, que prevê atender 50 mulheres até o fim do ano, tem como parceiro o Facebook e conta com o apoio das empresas ABN AMRO, Carrefour, Lojas Renner, Pfizer e Sodexo.
São parceiros estratégicos do projeto o Consulado da Mulher, Fox Time, Grupo Mulheres do Brasil, Migraflix e o Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados (PARR).