O desenvolvimento sustentável exige uma produção agrícola que contribua com a segurança alimentar, o respeito aos direitos humanos e o respeito ao meio ambiente.
O desenvolvimento sustentável exige uma produção agrícola que contribua com a segurança alimentar, o respeito aos direitos humanos e o respeito ao meio ambiente. Esses são alguns dos Princípios Empresariais para Alimentos e Agricultura do Pacto Global da ONU, lançados pela Rede Brasileira do Pacto Global dia 4 de março, na Fundação Espaço ECO, em São Bernardo do Campo.
Cerca de 60 representantes das principais empresas e associações do setor estiveram presentes e manifestaram compromisso pela efetivação dos princípios em suas cadeias de produção, envolvendo fornecedores e produtores rurais.
O lançamento ocorreu durante o workshop “Princípios em prática”, que traçou as estratégias para o fortalecimento dos princípios no contexto brasileiro. “Queremos contribuir para uma produção agrícola ambientalmente sustentável, que respeite o processo cultural de cada país, que contribua com a divulgação de conhecimento e tecnologia, desenvolva as comunidades e crie um ambiente favorável para um futuro melhor”, disse Juliana Lopes, coordenadora do Grupo Temático de Alimentos e Agricultura da Rede Brasileira do Pacto Global e diretora de desenvolvimento sustentável da Amaggi.
O workshop foi realizado pelo Grupo Temático de Alimentos e Agricultura da Rede Brasileira do Pacto Global com o apoio da Amaggi, BASF, Monsanto, Netafim, CEBDS e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
BASF, Nestlé, Bonsucro e Assobari apresentaram casos de sucesso em debate que envolveu produtores rurais e especialistas no setor. Eles destacaram ainda a importância de levar em conta o que já está sendo discutido para a pecuária sustentável e de envolver pequenas empresas nesse desafio.
Adrienne Gardaz, gerente do Pacto Global das Nações Unidas, explicou que os Princípios Empresariais para Alimentos e Agricultura (PEAA) começaram a ser desenvolvidos a partir da Conferência Rio+20, por meio de consultas online e presenciais em 17 países, entre eles o Brasil. Segundo ela, esses princípios fazem parte de uma agenda mais ampla de sustentabilidade da ONU. “O Brasil é especialmente importante nesse contexto, não só porque é líder na exportação e produção de alimentos, mas porque é famoso por sua liderança em sustentabilidade na área de agricultura”, destacou Adrienne.
O evento teve como objetivo facilitar a construção conjunta em torno dessas diretrizes, como explica Caco de Paula, presidente da Rede Brasileira do Pacto Global e diretor do Planeta Sustentável. “A busca do trabalho em rede e em parcerias é a missão que temos buscado fazer, dando condições para que os Dez Princípios do Pacto e os PEAA possam estar presentes no dia-a-dia das empresas”, disse. “Temos que aproveitar as sinergias e os interesses comuns dos setores para avançar nessa agenda”, completou Renata Seabra, diretora executiva da Rede Brasileira do Pacto Global.
André de Oliveira, diretor jurídico da BASF e vice-presidente da Rede Brasileira do Pacto Global, lembrou que a Rede também buscará envolver o setor público na efetivação dos PEAA. “Estimular essa interação para a construção das questões de sustentabilidade é uma das prioridades do Pacto Global, estabelecendo parcerias fortes com entes privados e públicos”, disse.
Esse diálogo já começou a ser estabelecido com o governo do Estado de São Paulo, signatário do Pacto Global, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento. “O que está se desenhando aqui é um modelo inovador, de diálogo entre setores que costumam ter dificuldade de dialogar”, disse Rubens Rizek Júnior, secretário-adjunto da pasta, que esteve presente no workshop. Segundo ele, o governo conta com o controle e a vigilância da sociedade para alertar o poder público sobre práticas negativas do mercado.
Como representante da sociedade civil, a The Nature Conservancy reforçou que a sustentabilidade no campo exige o engajamento do produtor rural. “O produtor quer fazer certo, mas precisa de ferramentas, suporte técnico e financeiro”, disse Giovana Baggio de Bruns, coordenadora de estratégia de Agricultura da ONG.
Cartilha CEBDS
Em sintonia com os PEAA, em especial os princípios “Ser ambientalmente responsável” e “Promover o acesso e a transferência de conhecimento, habilidades e tecnologia”, o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) lançou a cartilha “Financiamento para Pequenos e Médios Produtores Rurais”, com apoio da Rede Brasileira do Pacto Global. O material está disponível para download.
“O pequeno e médio produtor tem a vantagem de trabalhar no entorno dos centros urbanos. A cartilha traz informações importantes para garantir o próprio abastecimento das cidades”, disse André Ramalho, coordenador da Câmara Temática de Biodiversidade e Biotecnologia (CTBio) do CEBDS. Segundo a instituição, 70% dos alimentos que estão na mesa dos brasileiros são produzidos por esses produtores, que detêm 77% da mão de obra do campo e possuem o maior número de propriedades rurais.
A Rede Brasileira do Pacto Global convida as empresas a serem signatárias do Pacto Global e a integrarem o Grupo Temático de Alimentos e Agricultura.
Conheça aqui os Princípios Empresariais para Alimentos e Agricultura.
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Por Júlia Tavares, da Rede Brasileira do Pacto Global
Crédito fotos: Fellipe Abreu/ Pacto Global