O Brasil é visto com enorme potencial para esse mercado por conta do grande volume de exportações e de sua imensa costa – são 7.491 quilômetros de extensão
Julho de 2022 – Um dos assuntos mais discutidos durante a Conferência do Oceano, em Lisboa, foi a Blue Economy (economia azul), termo utilizado para definir todo o potencial de riqueza contido no oceano, e as oportunidades para geração de renda e movimentação de capital. O Brasil é visto com enorme potencial para esse mercado por conta de sua imensa costa – são 7.491 quilômetros de extensão, o que o torna o 16º maior litoral nacional do mundo.
De acordo com as Nações Unidas, a blue economy abrange os espaços aquáticos e marinhos, incluindo o oceano, mares, costas, lagos, rios e águas subterrâneas, e compreende uma série de setores produtivos, como a pesca, a aquicultura, o turismo, o transporte marítimo, a construção naval, a energia renovável, a bioprospeção, a mineração submarina e atividades relacionadas; e os serviços dos ecossistemas.
Um painel liderado pelos países insulares debateu a importância de uma economia de baixo carbono para a existência de um futuro mais auspicioso para as ilhas de todo o mundo, destacando que suas economias e modos de vida já são parte da economia azul, uma vez que toda a cultura e os negócios gerados nestes locais dependem profundamente do oceano. São países que correm o risco de deixar de existir em decorrência do aumento do nível do mar. Nos depoimentos dos países insulares durante o evento, entre eles Palau, Tonga e Ilhas Fiji, fica bem clara a íntima relação e dependência em relação ao mar, com a presença constante do termo “Mãe Oceano”, em reverência à profunda relação que estes países possuem com o oceano.
A oportunidade para o Brasil é correlacionar a cultura e os negócios gerados no País à sua imensa costa, impulsionando o turismo, o transporte de mercadorias e a produção de alimentos à proteção do oceano.
Durante a Conferência, o Pacto Global das Nações Unidas lançou, em Cascais, os Princípios do Oceano Sustentável, mobilizando o setor privado para um compromisso público e trazendo princípios orientadores para a integração entre economia azul e economia verde. A iniciativa é vista como uma oportunidade de engajamento com um movimento global voltado ao oceano.
Outro aspecto abordado é a profunda conexão entre a economia azul e a economia verde, conceito que busca aliar o crescimento econômico com justiça social e preservação do meio ambiente. Essa relação cria grandes oportunidades de geração de emprego, riqueza e sustentabilidade para os países, por meio de negócios nas áreas de lazer, turismo, transporte, alimentos, entre outras. John Kerry, enviado especial do presidente norte-americano para o clima, enfatizou a articulação com o setor financeiro, tanto para a mobilização de capital quanto para mitigação de risco, como forma de permitir que as empresas e governos possam implementar a transição energética e econômica.
A Gerente da Plataforma de Ação pela Água e Oceano, Maitê Leite, destacou que o primeiro passo é engajar o setor privado, por meio de conhecimento e responsabilização de impactos, bem como envolver também o setor financeiro para fornecer o capital e o seguro necessários para uma transição econômica e energética que possa preservar o ecossistema. “Mas o setor público tem a chave para liderar a estratégia e a regulamentação dessa transição, então precisamos de espaços e esforços para trabalhar essas questões de forma realmente colaborativa. Nossa plataforma multissetorial tem o potencial de colocar todos os principais atores para trabalhar juntos”, disse.